Indústria volta a crescer depois de quase três anos
A produção industrial voltou a crescer depois de 34 meses. Ainda está cedo para falar em reação, mas já é um alívio ver a indústria contratando e produzindo logo no início do ano. O mercado agora espera que esse movimento se repita durante o ano, o que indicaria, de fato, uma reação. Não é muito, mas já é alguma coisa. A produção industrial medida pelo IBGE cresceu 1,4% em janeiro deste ano na comparação com janeiro do ano passado.
Algumas atividades cresceram mais do que outras. No caso da indústria extrativista, alta de 12,5%. Vestuário e acessórios, mais de 13%. E a produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e óticos - que inclui laptops, tablets e celulares - cresceu 18%. Mas como o setor elétrico foi mal - queda de 8,5% - o desempenho da indústria eletroeletrônica ficou positivo em 2%. Tem um outro número do setor eletroeletrônico que chama a atenção: o do emprego. O setor criou mais de 1.800 vagas em janeiro, depois de fechar quase 78 mil postos nos últimos três anos. O fato de esses empregos terem sido criados no início do ano, ou seja, depois dos pedidos de Natal, pode indicar que o empresário acredita que vai ter um aumento de demanda.
A entidade que representa a indústria eletroeletrônica diz que janeiro foi um respiro, mas ainda é cedo para saber se vai ser o ano todo assim. “Os números de janeiro, eles vieram confirmar as nossas expectativas e que a gente deve ter o desempenho um pouco melhor do que o ano passado, mas não é nada fantástico, a gente deve começar a ter então reflexos das mudanças que aconteceram”, disse Humberto Barbato, presidente-executivo da Abinee.
O economista Celso Toledo, da LCA Consultores, também prefere esperar um pouco mais antes de falar em retomada da produção. “Para você ter certeza que a economia está realmente ganhando tração, o ideal seria ver esse dado positivo se confirmar em mais um, dois, três meses para ter certeza”, disse o economista.
Tanta cautela tem explicação. A indústria sofreu o impacto forte da crise. Se a gente olhar para a capacidade instalada - que é o quanto se poderia produzir se houvesse demanda - vai ver que o cenário de 2016 foi o pior dos últimos 13 anos. Ao todo, 24% das máquinas, instalações e equipamentos industriais foram desativados no ano passado, segundo a Confederação Nacional da Indústria. A indústria automobilística e todas as que têm ligação com ela estão no topo da lista de ociosidade.
O analisa Celson Plácido diz que a recuperação da indústria ainda é um desafio, principalmente para os setores que dependem de crédito, como é o caso da indústria automobilística. “Quando vem uma recuperação econômica, a população melhora a renda, ela passa a produtos substitutos, mas isso, é óbvio, não vai ser agora, isso a gente olha para o final deste ano e principalmente para 2018, tem que fazer ajuste fiscal e consequentemente também reduzir juros”, disse Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos.
Em nota, a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos disse que se as medidas econômicas sustentáveis forem mantidas, espera fechar o ano com um crescimento moderado, em todos os segmentos do mercado.
Fonte: g1.globo.com