Confira conversa com o candidato a prefeito de Piedade, Júnior JK (PL)

 

 

 

A Associação Comercial e Industrial de Piedade (ACIP) realizou recentemente uma conversa com o candidato a prefeito Junior JK, do Partido Liberal (PL), com o objetivo de discutir propostas para o desenvolvimento econômico da cidade. Durante o encontro, foram abordados temas fundamentais para o crescimento local, como geração de empregos, incentivos ao comércio e melhorias na infraestrutura urbana. Esta iniciativa da ACIP visa proporcionar maior transparência e engajamento da comunidade com o processo eleitoral, contribuindo para uma escolha mais consciente nas próximas eleições.

No bate-papo realizado pela ACIP com o candidato a prefeito Junior JK (PL), estiveram presentes diversos membros da associação, cada um abordando questões cruciais para o desenvolvimento do município. Entre os participantes estavam Edno Aparecido de Souza, Aquilino Francisco da Silveira Neto, José Alexandre de Souza Furquim, Moyses Flores de Jesus Filho, José Fernando Pinto de Moraes, Anderson Luis Girotto, Jeferson Spencer Marsarotto, José Fernando Rosa Maciel e Sérgio Luiz Moreira, que trouxeram à discussão temas como fiscalização, plano de governo, educação, segurança, meio ambiente, agronegócio e turismo.

 

Confira como foi a conversa: 

 

Gostaríamos de pedir para o candidato expor os motivos que levaram a decidir se candidatar novamente à prefeito de Piedade.

Saí do comércio há oito anos, quando recebi o convite para participar da vida pública. Fui vice-prefeito, e durante esse período, tive a oportunidade de ser muito ativo. Com o tempo, fui observando as demandas das pessoas, os candidatos a vereadores que vinham nos procurar, e hoje temos 87 candidatos a vereadores, a maior coligação. Nesse processo, fui percebendo como poderia contribuir para mudanças.

Como vice-prefeito, pude ajudar bastante as entidades e estreitar os laços com elas, algo que já fazia de maneira voluntária. Com isso, conseguimos melhorar muito esse contato e fortalecer essas parcerias. Além disso, comecei a enxergar as coisas de uma forma mais crítica e percebi o que poderia ser diferente, menos assistencialista e mais voltado às necessidades reais.

Eu não dependo da política para viver, e essa é uma das minhas maiores motivações. Não preciso ganhar uma eleição para seguir em frente, mas quero fazer algo que beneficie o nosso comércio, as pessoas e o município. É isso que me impulsiona a querer mudar e melhorar o lugar onde vivemos.

 

Caso seja eleito, com relação a questão da ocupação fixa (de ambulantes) de barracas, de veículos de lanches, verduras, doces, frutas e afins em locais de vias públicas, como ruas, beira de rodovias e no portal de entrada da cidade? Como vê a situação? Tem projeto para tratar o problema? Visto que, o empresário constituído legalmente, suportando alto ônus para manter sua atividade (aluguel, funcionários, contas fixas, burocracias e pagando impostos) são os mais afetados por essa concorrência desleal, pois estes, não pagam impostos, aluguel e outras contas fixas.

Na última eleição, sofri uma pressão enorme porque quis enfrentar a questão dos ambulantes na entrada da cidade. Acredito que todos têm o direito de trabalhar, mas isso precisa ser feito com regras claras, fiscalização e padronização. Meu objetivo era criar um padrão na entrada da cidade, com tamanhos definidos para os pontos de venda. Acho injusto alguém vender hortifruti ali sem pagar impostos ou aluguel, competindo com comerciantes como o Saito, que paga aluguel, impostos, luz, e segue todas as regras.

Não quero tirar o direito de ninguém trabalhar, mas precisamos de organização. Acredito que a ACIP pode ter um papel fundamental nessa discussão, ajudando a definir locais adequados para o comércio ambulante. Não podemos deixar tudo espalhado, porque a desorganização traz sujeira e prejudica a imagem da cidade.

Piedade já é turística, não precisamos esperar um governador nos declarar uma estância turística para começar a agir como tal. Temos que vestir essa camisa agora. A entrada da cidade, nosso portal principal, deve ser bonito, com boxes padronizados, licitados, com banheiros e uma infraestrutura adequada.

Além disso, enfrentamos outros problemas no centro da cidade, como os carrinhos de lanche que estão se tornando fixos em algumas áreas. Precisamos de uma solução para isso também.

 

Em seu ponto de vista, o que precisa melhorar emergencialmente em Piedade?

Tenho ouvido muitas demandas do comércio, especialmente depois de visitar o mercado municipal. Uma das questões mais urgentes aqui no centro é a situação do transporte público, em particular os horários dos ônibus. Os comerciantes estão se sentindo prejudicados com a falta de frequência nos pontos, e isso precisa ser resolvido rapidamente.

Outra preocupação que levantei é o deslocamento dos serviços públicos para fora do centro. Ao transferir equipamentos como o Poupatempo para áreas mais distantes, estamos desfocando o coração de Piedade. O que será do centro? Vai virar uma vila fantasma? Se continuarmos a concentrar serviços públicos fora do centro, o mercado municipal, por exemplo, vai perder ainda mais relevância. Precisamos pensar no crescimento da cidade de forma equilibrada, sem esvaziar o centro.

Minha sugestão é erguer um anexo no fundo do mercado, expandindo o espaço até o final, e colocar serviços como o Poupatempo e outros órgãos ali em cima, voltados para a rua de trás. Isso atrairia mais gente ao mercado municipal, ao invés de centralizar tudo longe. Hoje, a rodoviária tem mais movimento que o mercado municipal, e isso é preocupante. Queremos uma cidade turística, mas será que só vamos atrair as pessoas para a praça da rodoviária? Não podemos deixar nossa história e o comércio central para trás.

Além disso, é necessário investir em monitoramento da praça central, melhorar o transporte público e outros serviços que ouvimos dos comerciantes da área. Mas, sem dúvida, uma das maiores prioridades é a saúde. Precisamos de uma Santa Casa que realmente funcione. Sabemos que nunca teremos uma saúde de primeiro mundo, mas podemos melhorar. É preciso rever contratos, aumentar serviços e avaliar o que está sendo mal utilizado ou subaproveitado. Isso precisa ser tratado com seriedade.

 

(VICE) Caso seja eleito, como será sua participação neste Governo? Buscaria assumir algum órgão ou secretaria?

Na verdade, vou ser vice, se formos eleitos. Tenho plena consciência de que o papel do vice é fundamental, e não vou deixar o Junior na mão. Quando se assume uma responsabilidade, é preciso honrá-la, e ser vice é, sem dúvida, uma grande responsabilidade.

O Junior terá um foco maior no comércio, já que é a área em que ele tem mais experiência, enquanto eu sou mais ligado à agricultura. Com isso, nossa ideia é montar uma Casa da Agricultura forte, que ofereça a assistência necessária aos agricultores, que muitas vezes se sentem desamparados. Precisamos criar um conjunto de ações que beneficie a todos, e acredito que podemos fazer isso funcionar bem.

Minha prioridade será essa: se eu não estiver diretamente ao lado do Junior, vou estar na Casa da Agricultura. O setor agrícola necessita muito de apoio do poder público, e é fundamental que eles tenham uma estrutura sólida para se desenvolverem.

 

(Vice) Você tem experiência política? Se sim, qual projeto de sua autoria tem aprovado?

Sinceramente, agora de cabeça eu não lembro de todos os projetos, mas tive vários ao longo do tempo. No entanto, nesse último mandato, as oportunidades de realmente fazer acontecer foram poucas. Fiz o que estava ao meu alcance, mas muitas vezes trabalhei desanimado. Se precisarem de detalhes, posso passar todos os registros, está tudo documentado.

Esses últimos quatro anos foram bastante frustrantes para mim, tanto que cheguei a pensar em desistir da vida pública. No entanto, fui eleito seis vezes e, a cada eleição, sempre aumentava minha quantidade de votos – 400, 600, 800. Se eu fosse um vereador ruim, a tendência seria perder esse apoio, não o contrário, certo?

O que me fez entrar na disputa mais uma vez foi justamente a vontade de mudar as coisas, de ver o que está errado e tentar resolver.

 

Qual sua pretensão para reestruturação da Guarda Municipal? Quantos GMs tem atualmente? Tem projeto para monitoramento por câmeras na cidade?

A Guarda Municipal, ao que parece, conta com 14 membros, mas alguns estão com funções desviadas. Já vi guardas alocados em outras atividades, como na delegacia ou até dirigindo para o executivo. Isso não deveria acontecer. A segurança pública, como sabemos, não é de responsabilidade direta da prefeitura, é dever do estado, e nós devemos auxiliá-lo. Precisamos ser mais firmes, mostrar a realidade da nossa cidade, especialmente na área rural, onde os roubos acontecem quase diariamente. O problema é que as pessoas não fazem boletins de ocorrência (BO). O estado, sem esses números, acha que está tudo bem, que não existe criminalidade.

Uma solução seria criar um escritório municipal para auxiliar na emissão desses boletins de ocorrência, mostrando a real demanda e, assim, pressionar o estado por mais ações. A Guarda Municipal também tem que fazer o seu papel. Eles muitas vezes conseguem chegar mais rápido em alguns lugares e poderiam atuar no patrulhamento central, apoiar em eventos e focar no que lhes compete. A responsabilidade do administrador municipal é cobrar do governador e discutir esses problemas de maneira assertiva.

 

Qual será sua ação sobre o não funcionamento da delegacia a noite e em finais de semana?

Sobre a delegacia, é outra situação preocupante. Para o estado, parece que está tudo funcionando bem, mas sabemos que não é verdade. Precisamos cobrar mais empenho. A solução é sentar com o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo e levar todas essas demandas de forma organizada. Tenho um bom relacionamento com ele, mas precisamos ser incisivos. É uma vergonha termos uma delegacia com uma estrutura tão grande, mas sem condições adequadas de operação. Se ouvirmos que "não há número suficiente de crimes", então, vamos criar esse número, porque a realidade precisa ser demonstrada.

 

Atualmente ouvimos muito em relação a crise política, corrupção e crime organizado envolvendo empresários e políticos. Quais medidas pensa para evitar que eventuais ocorrências possam atingir nosso município?

O crime organizado, de fato, é organizado, e isso inclui recursos financeiros consideráveis, o que torna o combate mais desafiador. Infelizmente, estamos vivenciando isso em Piedade, onde temos visto um número crescente de empresas de fora ganhando licitações. Elas vêm justamente com o intuito de lavar dinheiro, essa é a realidade que enfrentamos.

Atualmente, temos uma demanda muito grande de serviços sendo executados por empresas que não são do nosso município. Isso precisa mudar. É fundamental tornar os editais mais acessíveis e práticos para que as empresas locais possam participar. A lei não pode ser alterada, claro, mas podemos seguir o que está estabelecido nos editais de forma a evitar que sejam paralisados. No entanto, o que tem se tornado rotineiro são os contratos emergenciais sendo firmados com empresas de fora, e isso é preocupante.

É absurdo que uma empresa seja criada em fevereiro para começar a vender para a prefeitura em março, algo que claramente não faz sentido. Nossa missão é tentar eliminar essa prática e manter as operações transparentes. A única maneira que vejo para combater isso é manter os editais públicos, abertos, e trabalhar em conjunto com as empresas de Piedade, orientando-as para que possam competir e participar das licitações. Assim, evitamos que grandes somas de dinheiro saiam do município. Acredito que, ao fazermos tudo de forma correta e transparente, conseguimos afastar o crime organizado, inclusive facções como o PCC.

 

Qual sua visão em relação ao setor agrícola e comércio no desenvolvimento do município?

Hoje, podemos dizer que vivemos exclusivamente da agricultura. Todo o comércio de Piedade gira em torno do dinheiro que vem da agricultura. Não há como negar, a agricultura sempre foi e continua sendo o que movimenta nosso comércio.

No entanto, o que vejo é que a agricultura precisa de mais apoio, principalmente no que diz respeito à agroindústria. Precisamos incentivar o beneficiamento dos alimentos, pois estamos desperdiçando muito. Muita coisa que poderia ser aproveitada acaba sendo descartada por falta de estrutura e investimento nesse setor.

O Camarão, inclusive, é um dos relatores da lei que trata da melhoria das estradas rurais para facilitar o escoamento da produção, algo essencial para o nosso município, mas acabou esquecendo de mencionar. E claro, sabemos que Piedade tem uma topografia acidentada, montanhosa, o que torna essa questão ainda mais desafiadora. No entanto, é imprescindível dar todo o apoio necessário para que a agricultura continue sendo o pilar econômico da nossa cidade.

 

Sabendo da importância da educação de base, que ações pretende realizar para atender a demanda? Ainda sobre o assunto, com relação a necessidade de trabalhadores que são afetados em situações em que creches e escolas fecham em emendas de feriados (pontos facultativos), tem a pretensão de tomar alguma ação para que não permaneçam prejudicados? Poderia inserir como serviços essenciais?

Eu não sou a favor desses feriados prolongados, onde o poder público fecha as portas. No Ano Novo, por exemplo, é o único momento em que muitos chacreiros vêm para pagar seus impostos, e aí encontram a prefeitura fechada. Isso não faz sentido.

No meu plano, incluí a ideia de uma creche que funcione em horário comercial, mas sabemos que há uma demanda específica de um setor que precisa de um horário diferenciado. Além disso, mesmo nas creches que já existem, temos um problema. O horário de funcionamento delas é das 7h30 às 16h30, e eu gostaria de saber quem trabalha exatamente nesse horário, porque não conheço ninguém que consiga conciliar trabalho com esse cronograma.

Precisamos ajustar isso e oferecer um horário mais flexível, entender o que as pessoas realmente precisam. Tem gente que está pagando uma pessoa para ficar com a criança por duas horas, tanto antes quanto depois da creche, porque não conseguem conciliar os horários de trabalho. Isso é um custo adicional que muitas famílias não deveriam ter que arcar. Precisamos pensar em soluções que realmente atendam às necessidades da população.

 

O Mercado Municipal é um patrimônio de Piedade e tem grande potencial turístico. Quais seus planos para que este importante ponto de interesse da nossa cidade seja novamente atrativo para a população local e turistas?

Precisamos revitalizar o Mercado Municipal, deixar ele bonito e funcional. Hoje, o mercado está esvaziado, e não conseguimos nem alugar os boxes. É essencial que façamos uma licitação de maneira mais profissional, garantindo transparência e oportunidade para todos.

Além disso, é fundamental trazer de volta o movimento de pessoas para o mercado. A cidade pode crescer nos arredores, isso é natural, mas não podemos permitir que isso acabe com um patrimônio histórico e turístico tão importante para Piedade. O Mercado Municipal é parte da nossa identidade, e revitalizá-lo é uma maneira de valorizar nossa história enquanto promovemos o turismo local.

 

Como pretende aumentar a segurança nas ruas e praças e amenizar os problemas relacionado aos moradores de rua, sem desconsiderar a legislação, direitos humanos e liberdades civis?

Precisamos que a equipe do social realize entrevistas com os moradores de rua, entendendo suas origens e entrando em contato com os serviços sociais adequados. Cada cidade tem a responsabilidade de cuidar de seus próprios moradores de rua. Aqui em Piedade, somos acolhedores e devemos tratar todos com dignidade, mas é essencial que haja uma responsabilidade clara em relação a isso.

Além de oferecer alternativas de reingresso à sua casa, devemos garantir que os serviços oferecidos, como casas de passagem, sejam seguros e acolhedores. É preocupante saber que os moradores de Piedade estão relutantes em utilizar esses espaços devido à presença de pessoas desconhecidas.

Não podemos permitir que visitantes da nossa cidade não consigam desfrutar da praça ou da bela basílica que temos. É um descompasso que precisamos resolver. A praça deve ser um local agradável e acolhedor, e não um espaço em que as pessoas se sintam desconfortáveis ou ameaçadas. Devemos trabalhar para encontrar soluções que melhorem a situação, garantindo a dignidade de todos e a segurança dos cidadãos e turistas.

 

A questão do trânsito em nossa cidade está caótica, com barulho excessivo. Desrespeito às Leis e código de trânsito. Para você, quais as questões a serem resolvidas nesta área?

O barulho é só questão de fiscalização. Os guardas poderiam patrulhar a pé para evitar roubos, como as "saidinhas de banco". Desde 2018, a Guarda Municipal tem poder de multar, mas raramente usa esse recurso, exceto para infrações menores. As motos, por exemplo, continuam causando problemas sem serem multadas. O Camarão sempre sugere que os comerciantes colaborem, evitando clientes que promovem desordem. Cabe ao administrador público defender os interesses da população, se a fiscalização fosse mais rigorosa, o comércio e a qualidade de vida na cidade melhorariam.

 

Sobre o trabalho de fiscalização no município, tem projeto para alterar ou melhorar como está no cenário atual?

A fiscalização em Piedade está comprometida por vários fatores. O trabalho cai pela metade porque os fiscais têm medo de agir sozinhos, temendo represálias. Além disso, a falta de padronização dificulta o processo, pois cada fiscal atua de uma maneira diferente. O que algumas prefeituras, como São Caetano do Sul, estão fazendo é contratar uma empresa notificadora, que faz as notificações com agilidade e depois um conselho de fiscais revisa e aplica as sanções necessárias.

Esse modelo mais ágil permite que as obras irregulares sejam identificadas e embargadas rapidamente. O problema é que, com apenas quatro ou cinco fiscais em Piedade, é impossível cobrir toda a cidade, especialmente porque irregularidades surgem aos fins de semana, feriados e até mesmo no carnaval, quando há mais tempo para construções ilegais.

Outro ponto crucial é a criação de uma súmula para padronizar as decisões, evitando que cada procurador ou fiscal tome decisões diferentes para casos semelhantes.

 

Sobre a Lei da Liberdade Econômica, que trouxe mudanças significativas ao cenário empresarial brasileiro, aliviando a carga burocrática que sufoca o empreendedorismo, mas que mesmo sendo uma lei federal, para vigorar, é necessária regulamentação ou decreto por cada estado e município. O candidato apoia as medidas de incentivo ao empreendedorismo amparadas pela referida lei?

Sobre a lei tributária, acho que teremos um ganho, embora seja um processo demorado, porque, infelizmente, é difícil mudar da noite para o dia. Hoje, vivemos com uma tributação em cima de tributação. Isso, aos poucos, vai acabar pressionando o que está acontecendo na agricultura, obrigando as pessoas a trabalharem dentro da legalidade. Como você mencionou sobre a liberdade, o patrão negociar com o funcionário, isso já acontece de qualquer forma.

 

Quais seus planos para melhorar a saúde do município, visto os problemas quanto ao tempo para atendimento médico, exames, e falta de insumos e medicamentos na farmácia municipal?

Temos no município 7 postos de saúde, 1 ambulatório médico e a Santa Casa. Atualmente, não sei por que motivo, os postos de saúde não fazem pronto atendimento, apenas atendimentos agendados. Dessa forma, esses 7 postos de saúde estão realizando funções que deveriam ser de ambulatório especializado. Precisamos que os postos de saúde voltem a atender casos leves, como uma cólica ou dor de ouvido, que hoje acabam todos sendo direcionados para a Santa Casa. Isso gerou uma grande sobrecarga na Santa Casa.

A prefeitura não pode gerir diretamente a Santa Casa, mas ela é responsável pelo contrato. Cabe ao prefeito fiscalizar e cobrar o cumprimento do que está estabelecido no papel.

 

O que você enxerga como potencial no turismo de Piedade?

Temos a Basílica, as ciclorrotas, que são grandes potenciais, a represa de Itupararanga, uma riqueza do município, e a Vila Elvio. São muitas atrações que podem ser exploradas. No entanto, não teremos uma rota das capelas eficaz se não houver pontos de parada suficientes. Não adianta criar uma rota de 240 km com poucos lugares para parar.

Não precisamos esperar pelo selo de estância turística para agir; devemos explorar tudo isso agora. O turismo é uma fonte de renda importante e precisamos investir nisso. É fundamental que haja uma ação municipal que integre todas essas atrações e traga visitantes para Piedade.

 

Pensando no crescimento ordenado, respeitando o plano diretor da cidade, visto a existência de muitos loteamentos clandestinos, como pretende atuar quanto a questão?

Agora, sobre os loteamentos clandestinos, a fiscalização é fundamental. Precisamos ter agilidade na aprovação de projetos, pois há muitas pessoas interessadas em construir. No entanto, a demora no processo faz com que os custos aumentem. O proprietário tem que arcar com limpeza, IPTU e projetos enquanto espera a anuência da SABESP, por exemplo, e isso atrasa tudo. A prefeitura precisa agilizar a liberação, caso contrário, ninguém consegue fazer as coisas direito.

Outro problema é a demanda crescente por terrenos, que eleva os preços. Terrenos que antes custavam cerca de R$ 75 mil hoje valem mais de R$ 150 mil, porque a aprovação de novos loteamentos é lenta. Isso precisa mudar para que possamos atender à demanda por moradia, especialmente com preços acessíveis.

 

A cidade tem problemas antigos com o lixo gerado. Atualmente é praticamente inexistente uma coleta seletiva organizada no município, dependendo apenas dos catadores autônomos, o que é muito pouco. Como pretende resolver esse problema?

Quanto à coleta de lixo, a situação em Piedade é problemática. Não há coleta seletiva organizada e dependemos apenas dos catadores autônomos. Pagamos R$ 180 por tonelada para enterrar o lixo em Iperó, o que, no longo prazo, sai muito caro. Uma alternativa seria investir em reciclagem e pagar uma empresa para coletar os materiais recicláveis. Se pagarmos, por exemplo, R$ 90 por tonelada de recicláveis, economizamos na coleta geral e ainda ganhamos em termos ambientais, preservando os mananciais do município.

Precisamos de uma área adequada para um aterro sanitário que suporte a demanda por pelo menos 30 anos. Isso exigirá planejamento e investimento a longo prazo, já que os aterros geram passivos ambientais que duram por décadas.

 

Piedade tem na agricultura o desenvolvimento econômico no agronegócio com comércio exterior. O que você pensa a respeito?

Falei sobre a força da agricultura e a oportunidade que temos com a saída da Etec do Ceabasp, para ampliar. É fundamental agregar valor aos nossos produtos, pois os grandes produtores conseguem vender com facilidade, enquanto os pequenos ainda enfrentam dificuldades.

Na minha visão, se conseguirmos agregar valor, como oferecer alface higienizada e cebolas cortadas, podemos melhorar nossa competitividade. Muitas vezes, descartamos cebolas quebradas que poderiam ser processadas e vendidas. Um galpão de beneficiamento poderia facilitar isso.

Além disso, podemos promover cursos para ensinar os pequenos produtores a investir em maquinário, focando em melhorar a qualidade dos produtos em vez de apenas vender em feiras. Hoje, temos a capacidade de exportar e precisamos aproveitar essa oportunidade.

 

Com base em sua experiência na gestão pública municipal, em sua opinião, qual ação tomada faria diferente ou não repetiria?

Primeiro de tudo, eu acho que a prefeitura não é banco. Tadeu guardava muito dinheiro. Lógico, que devemos ter os pés no chão e reconhecer que a crise afeta tanto a população quanto a prefeitura, o que exige cuidado com o dinheiro público. Mas sem dúvidas dá para fazer um pouco mais, acredito que esse seria o diferente.

 

Qual legado sua gestão deixou para Piedade?

Devemos ter os pés no chão e reconhecer que a crise afeta tanto a população quanto a prefeitura, o que exige cuidado com o dinheiro público. Tenho certeza absoluta de que fui o vice-prefeito mais atuante de Piedade e também o que permaneceu mais tempo na prefeitura, já que o Tadeu saiu de férias duas vezes, e eu assumi por seis meses. A experiência que tive ao lado dele foi excelente e me proporcionou uma base sólida para evitar erros graves, sempre com um zelo excessivo pelas questões administrativas.