Confira conversa com o candidato a prefeito de Piedade, Geremias Ribeiro Pinto (PT)
A Associação Comercial e Industrial de Piedade (Acip) realizou recentemente uma conversa com o candidato a prefeito Geremias Ribeiro Pinto, do Partido dos Trabalhadores (PT), com o objetivo de discutir propostas para o desenvolvimento econômico da cidade. Durante o encontro, foram abordados temas fundamentais para o crescimento local, como geração de empregos, incentivos ao comércio e melhorias na infraestrutura urbana. Esta iniciativa da Acip visa proporcionar maior transparência e engajamento da comunidade com o processo eleitoral, contribuindo para uma escolha mais consciente nas próximas eleições.
Na conversa realizada pela Acip com o candidato a prefeito Geremias Ribeiro Pinto (PT), estiveram presentes diversos membros da associação, cada um abordando questões cruciais para o desenvolvimento do município. Entre os participantes estavam Edno Aparecido de Souza, Aquilino Francisco da Silveira Neto, José Alexandre de Souza Furquim, Moyses Flores de Jesus Filho, José Fernando Pinto de Moraes, Anderson Luis Girotto, Jeferson Spencer Marsarotto, José Fernando Rosa Maciel e Sérgio Luiz Moreira, que trouxeram à discussão temas como fiscalização, plano de governo, educação, segurança, meio ambiente, agronegócio e turismo.
Confira como foi a conversa:
Gostaríamos de pedir para o candidato expor os motivos que levaram a decidir se candidatar novamente à prefeito de Piedade.
Fui prefeito de 2009 a 2012 e começamos um projeto político que planejou o futuro de Piedade, superando desafios e realizando obras importantes. Agora, concorro novamente com meu vice Christóvio para retomar esse projeto que foi interrompido há 12 anos. Defendemos uma administração participativa, fortalecendo conselhos e parcerias entre setores público e privado. Nosso foco é o desenvolvimento sustentável, levando em conta as mudanças climáticas e os recursos naturais de Piedade, como a Mata Atlântica e os rios, que já sofrem com escassez. Queremos reorganizar a administração com ética, transparência e fortalecer a agricultura familiar, o agronegócio e as microempresas. Resumindo: nosso objetivo é retomar o que foi deixado para trás.
Caso seja eleito, com relação a questão da ocupação fixa (de ambulantes) de barracas, de veículos de lanches, verduras, doces, frutas e afins em locais de vias públicas, como ruas, beira de rodovias e no portal de entrada da cidade? Como vê a situação? Tem projeto para tratar o problema? Visto que, o empresário constituído legalmente, suportando alto ônus para manter sua atividade (aluguel, funcionários, contas fixas, burocracias e pagando impostos) são os mais afetados por essa concorrência desleal, pois estes, não pagam impostos, aluguel e outras contas fixas.
A regulamentação e fiscalização são essenciais para evitar irregularidades. Piedade, como cidade turística, precisa se adequar legalmente, inclusive para ambulantes. Defendemos uma economia solidária, onde todos possam trabalhar de forma legal. Se houver irregularidades, é necessário agir com firmeza, sempre respeitando as leis municipais, estaduais e federais. O tratamento deve ser igual para todos, independentemente das condições.
Em seu ponto de vista, o que precisa melhorar emergencialmente em Piedade?
A prioridade é tirar a saúde de Piedade da UTI. Apesar do esforço dos profissionais, a demanda é muito alta. Quando fomos governo, criamos novos leitos, novo ambulatório e fizemos parcerias com a Santa Casa. Agora, a saúde precisa ser reorganizada. Planejamos fortalecer parcerias com hospitais da região e descentralizar o atendimento, reativando a estratégia de saúde da família e ampliando postos de saúde por regiões. A saúde preventiva é o melhor caminho, pois a curativa é cara e Piedade não comporta uma UPA.
(VICE) Caso seja eleito, como será sua participação neste Governo? Buscaria assumir algum órgão ou secretaria?
Nosso mandato será compartilhado, com a administração dividida entre nós. Como agricultor, vejo que a agricultura em Piedade foi abandonada, sem nenhum representante no setor. A agricultura é o eixo econômico do município e precisamos valorizá-la. Sempre ouvimos que sem estudo se acaba "na roça", mas sem os homens do campo, não teremos comida. É fundamental cuidar dos agricultores e manter esse setor forte.
(Vice) Você tem experiência política? Se sim, qual projeto de sua autoria tem aprovado?
Sim, já tive um mandato como vereador, no período de 2004 a 2008. Agora, eu não lembro, mas posso ver depois, mas eu tive alguns.
Qual sua pretensão para reestruturação da Guarda Municipal? Quantos GMs tem atualmente? Tem projeto para monitoramento por câmeras na cidade?
Nossa proposta é retomar o que fizemos, mas de forma melhor. Vamos reforçar a segurança com uma abordagem inteligente, integrando a Guarda Municipal, Polícia Militar e Civil. Planejamos criar a Secretaria de Segurança Pública, que cuidará da guarda e do trânsito, além de reativar o monitoramento da cidade. A segurança precisa ser integrada com programas sociais, educação, cultura e esportes, além de melhorias na iluminação pública. Também faremos parcerias com a Polícia Militar e buscaremos aumentar o efetivo e realizar novos concursos para a Guarda Municipal.
Qual será sua ação sobre o não funcionamento da delegacia a noite e em finais de semana?
A segurança pública é responsabilidade do estado, e vamos cobrar isso ativamente. Vamos criar a Secretaria de Segurança Pública para ajudar, mas não podemos jogar tudo para o município. A segurança é dever do estado, e vamos buscar parcerias com deputados e pressionar o governo estadual para garantir melhores condições. Embora eu queira o serviço 24h, isso foge da minha governabilidade. No entanto, faremos cobranças e lutaremos para melhorar a segurança local.
Atualmente ouvimos muito em relação a crise política, corrupção e crime organizado envolvendo empresários e políticos. Quais medidas pensa para evitar que eventuais ocorrências possam atingir nosso município?
Queremos retomar o Portal da Transparência e o orçamento participativo, discutindo com a sociedade civil, Câmara Municipal, Ministério Público e Tribunal de Contas. Vamos focar na Lei de Responsabilidade Fiscal e combater qualquer tipo de corrupção, seja ela pequena, média ou grande. Quando fui prefeito, fui o que mais abriu processos administrativos contra maus funcionários, inclusive combatendo o tráfico de drogas no setor de obras, que existia dentro da garagem municipal. Pretendemos fortalecer o conselho de segurança (Conseg) e garantir a integração entre Polícia Civil, Militar e GCM, além de estruturar o setor público para evitar corrupção.
Qual sua visão em relação ao setor agrícola e comércio no desenvolvimento do município?
A base da nossa economia é a agricultura, tanto familiar quanto o agronegócio. Novas produções, como trigo, estão surgindo em áreas próximas aos Correas e Sarapuí dos Antunes. Se a agricultura vai bem, o comércio e a indústria também prosperam. Com o PIB nacional superando expectativas, Piedade também se beneficia. Precisamos reestruturar a Casa da Agricultura e o Ceasinha para orientar os agricultores e facilitar o acesso ao crédito. O Plano Safra deste ano, com R$ 400 bilhões, é o maior da história. Vamos organizar e fortalecer cooperativas para aproveitar esse crédito, inclusive para regularização fundiária, um problema crítico no município.
Sabendo da importância da educação de base, que ações pretende realizar para atender a demanda? Ainda sobre o assunto, com relação a necessidade de trabalhadores que são afetados em situações em que creches e escolas fecham em emendas de feriados (pontos facultativos), tem a pretensão de tomar alguma ação para que não permaneçam prejudicados? Poderia inserir como serviços essenciais?
Na minha gestão, a educação foi uma das áreas que mais recebeu investimentos nos últimos 30 anos em apenas quatro anos. Reorganizamos o plano municipal, estruturamos a carreira dos professores e criamos creches rurais, com duas novas unidades escolares, fundamentais para as comunidades. A meta agora é retomar a ampliação dessas creches e fortalecer a formação dos professores, principalmente para a educação infantil e o ensino fundamental. Além disso, é importante alinhar o plano municipal ao Plano Nacional de Educação. Participei de conferências municipais, estaduais e nacionais, e acredito que essa integração pode trazer melhorias significativas para nossa educação.
Sobre feriados e horários das creches, vejo a necessidade de adequar os serviços às demandas das famílias. Muitos pais e mães trabalham na roça, o que exige horários estendidos nas creches. A demanda por vagas em creches continua alta, e nossa prioridade será atender essas necessidades e garantir que a educação siga sendo uma prioridade.
O Mercado Municipal é um patrimônio de Piedade e tem grande potencial turístico. Quais seus planos para que este importante ponto de interesse da nossa cidade seja novamente atrativo para a população local e turistas?
Eu fico realmente muito triste ao ver o estado atual do Mercado Municipal, que além de ser um atrativo, é um patrimônio histórico e cultural da nossa cidade. Infelizmente, não só ele, mas outros patrimônios foram descaracterizados ao longo do tempo. O mercado, em particular, precisa urgentemente de atenção. Estive por lá recentemente, conversei com alguns moradores, e a necessidade de revitalização, reestruturação e modernização é evidente.
Quando deixei a prefeitura, já havia entregado um plano de mobilidade urbana que incluía uma solução para o mercado e seu entorno. O tráfego dos ônibus na área está causando problemas, e uma das ideias do projeto era justamente desafogar o trânsito, mas o plano foi engavetado. Agora, queremos retomar essa proposta, restaurar o mercado e trazer de volta a sua movimentação, pensando também no potencial turístico de Piedade, que é enorme.
Como pretende aumentar a segurança nas ruas e praças e amenizar os problemas relacionado aos moradores de rua, sem desconsiderar a legislação, direitos humanos e liberdades civis?
A questão dos moradores de rua é um problema social muito sério, não só em Piedade, mas em vários municípios menores. Recentemente, ouvi relatos de pessoas sendo transportadas de grandes centros para cá, o que agrava ainda mais a situação. Embora eu não possa provar isso, é um ponto que precisamos abordar em conjunto com o governo do estado. Para os moradores de rua da nossa cidade, o foco deve ser em oferecer dignidade, tratando-os com humanidade e respeito.
Precisamos envolver todas as secretarias nesse esforço. Saúde e assistência social têm papéis fundamentais nesse processo, oferecendo tratamentos para desintoxicação de drogas ou álcool, e criando programas de reintegração. A ideia é realizar um trabalho conjunto, que ofereça apoio, mas também dê a esses cidadãos a chance de se reestruturarem.
Na questão urbana, um dos pontos é revitalizar a praça central, com melhor iluminação e mais atrações, incentivando a população a ocupar o espaço. Esse movimento também ajuda a criar uma cidade mais acolhedora e segura para todos.
Outro aspecto que quero retomar é o consórcio intermunicipal, que criei enquanto prefeito, envolvendo cidades vizinhas como Sorocaba, Votorantim, Tapiraí, Ibiúna, entre outras. Através desse consórcio, conseguimos unir forças para resolver problemas regionais, como a questão dos moradores de rua, resíduos sólidos e saúde pública. A cooperação entre os municípios é essencial para lidar com essas questões de forma eficiente e abrangente, pois muitas vezes os problemas não são exclusivos de uma cidade, mas afetam toda a região.
A questão do trânsito em nossa cidade está caótica, com barulho excessivo. Desrespeito às Leis e código de trânsito. Para você, quais as questões a serem resolvidas nesta área?
Como mencionei, isso está relacionado ao plano de mobilidade. Um dos projetos que deixei foi uma ponte que ajudaria a desafogar as marginais e a região aqui da Vieira Pinto. Infelizmente, não foi implementado, mas resolveria muitos problemas de tráfego. Hoje, temos uma situação complicada com o trânsito, e essa mudança de sentido das vias, que virou uma verdadeira confusão, também não ajudou.
Além disso, você mencionou o problema do barulho. Quando fui prefeito, implementei a lei, o que gerou críticas, mas acredito que ela deve voltar a ser aplicada. A legislação é para ser cumprida, e isso inclui os estabelecimentos que querem funcionar até tarde. Eles precisam seguir as normas, principalmente com relação ao isolamento acústico, para não incomodar os moradores.
Outro problema é o barulho excessivo de motos, que têm causado transtornos. Sei que muitos gostam do esporte radical, mas é preciso haver controle. A cidade precisa ser um ambiente onde todos possam viver bem, inclusive com relação à poluição sonora, que afeta diretamente a saúde pública.
Vamos retomar a fiscalização rigorosa. A Secretaria de Trânsito e a Secretaria de Segurança precisam trabalhar juntas, com mais agentes e guardas municipais, para garantir que as leis sejam cumpridas.
Sobre o trabalho de fiscalização no município, tem projeto para alterar ou melhorar como está no cenário atual?
Primeiro, precisamos encontrar pessoas capacitadas, que realmente entendam da gestão pública e estejam dispostas a planejar de forma estratégica. Piedade cresceu muito nos últimos anos, mas ainda há uma falta de organização na arrecadação. O município tem potencial para arrecadar mais, porém, existem certos vícios de gestão que vêm de muito tempo. Esses vícios precisam ser eliminados para que possamos aplicar as leis de maneira justa e correta, garantindo que o que é devido seja realmente recolhido.
Além disso, devemos trabalhar em parceria com os conselhos municipais, que têm um papel fundamental. Ouvir esses conselhos e outros órgãos organizados é essencial para que possamos modernizar a gestão e transformar Piedade em uma cidade inteligente, mais eficiente em suas finanças e gestão de recursos.
Atualmente, Piedade depende muito dos recursos do governo federal, mas temos condições de aumentar a arrecadação local. Com organização, diálogo e planejamento, podemos ampliar a base de receita e dar mais independência financeira ao município.
Sobre a Lei da Liberdade Econômica, que trouxe mudanças significativas ao cenário empresarial brasileiro, aliviando a carga burocrática que sufoca o empreendedorismo, mas que mesmo sendo uma lei federal, para vigorar, é necessária regulamentação ou decreto por cada estado e município. O candidato apoia as medidas de incentivo ao empreendedorismo amparadas pela referida lei?
Esse crescimento do Brasil, especialmente no setor de micro e pequenas empresas, é um reflexo importante da nossa economia. Hoje, o Brasil conta com nove milhões de novas micro e pequenas empresas, representando cerca de 27% do PIB. Essas empresas são fundamentais para o crescimento do país, e o MEI (Microempreendedor Individual) tem sido uma peça-chave nesse cenário, já que muitos trabalhadores têm se tornado empreendedores e gerado suas próprias oportunidades. Esse segmento é responsável por cerca de 71% das vagas de trabalho.
Além disso, o valor movimentado só em 2023 foi de R$ 19 bilhões, o que demonstra a importância de incentivar o empreendedorismo. Precisamos fomentar cada vez mais esses pequenos negócios, tanto no meio urbano quanto no rural, onde o empreendedorismo também tem grande potencial.
Quais seus planos para melhorar a saúde do município, visto os problemas quanto ao tempo para atendimento médico, exames, e falta de insumos e medicamentos na farmácia municipal?
A defesa do SUS é essencial, pois, apesar dos desafios de gestão, continua sendo um dos melhores sistemas de saúde pública do mundo. Sem o SUS, grande parte da população estaria em uma situação crítica. No entanto, a falta de uma boa gestão tem comprometido sua eficiência, tanto em nível estadual quanto municipal. É crucial que quem cuide da saúde pública tenha um conhecimento profundo do setor e que a equipe envolva profissionais de várias áreas, como assistência social, psicologia e outros especialistas.
No município, a saúde é o segundo maior orçamento, e com uma gestão competente e estrutura adequada, os profissionais da saúde podem fazer muito. A Santa Casa, por exemplo, precisa de uma revisão e modernização. Uma solução pode ser buscar uma UPA, mas devido ao tamanho da nossa população, isso não é viável, então a saída é levar a saúde preventiva para os bairros.
A população de áreas como Piratuba cresceu, e a demanda por serviços de saúde no centro é insustentável. Precisamos descentralizar, criando postos de saúde nos bairros.
Os desafios com exames e especialidades exigem parcerias com o governo estadual e com os AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), onde o atendimento é mais eficiente. Além disso, há a questão da logística de transporte, pois muitas pessoas precisam chegar cedo ao centro e esperar por horas para serem atendidas. A solução passa por regulamentar melhor os horários e melhorar a estrutura de espera.
O que você enxerga como potencial no turismo de Piedade?
Piedade, sem dúvida, já tem uma grande vantagem por sua natureza exuberante e clima agradável, sendo comparada até mesmo com Campos do Jordão. No entanto, para atrair mais turistas, é necessária uma reestruturação da cidade e a capacitação de todos, desde o frentista até o taxista, para receber bem os visitantes e falar positivamente do município. Fortalecer as parcerias com o COMTUR, as pousadas, restaurantes e bares também é essencial, assim como investir em novos eventos, como a Festa da Primavera, da Cerejeira, do Morango, e até criar novas festas para promover os produtos locais.
Além disso, é importante mostrar ao mundo o que Piedade tem a oferecer, utilizando a tecnologia para divulgar e vender os produtos da cidade. O "Ronco do Bugio", por exemplo, já atrai turistas de fora, e o ecoturismo, cicloturismo, e turismo rural também podem ser desenvolvidos ainda mais. A cidade precisa estar preparada para isso, com ruas limpas, lixeiras adequadas e um foco na reciclagem, que deve ser retomada.
Pensando no crescimento ordenado, respeitando o plano diretor da cidade, visto a existência de muitos loteamentos clandestinos, como pretende atuar quanto a questão?
A especulação imobiliária é realmente uma preocupação crescente em Piedade, especialmente nas áreas rurais, onde loteamentos estão surgindo de forma irregular. Para lidar com essa questão, é necessário fortalecer a fiscalização e aplicar rigorosamente as leis que regulamentam a ocupação do solo. Rever o plano diretor e aumentar o número de fiscais são passos importantes para inibir loteamentos fora dos padrões adequados, além de conscientizar a população sobre a importância de seguir os códigos municipais.
Como bem apontado, muitos loteamentos surgem por especulação, mas também por necessidade, uma vez que muitas pessoas não têm condições de adquirir terrenos em áreas urbanizadas. Isso resulta na criação de núcleos habitacionais em áreas rurais, com terrenos mais baratos e acessíveis, mas sem a infraestrutura necessária. É importante que a prefeitura tenha um departamento de habitação ativo e um plano municipal de habitação atualizado, capaz de regularizar essas áreas e garantir que os moradores também contribuam de forma justa para a manutenção da infraestrutura.
Por fim, a fiscalização é fundamental para inibir construções irregulares e promover o diálogo entre a prefeitura e a população.
A cidade tem problemas antigos com o lixo gerado. Atualmente é praticamente inexistente uma coleta seletiva organizada no município, dependendo apenas dos catadores autônomos, o que é muito pouco. Como pretende resolver esse problema?
A reativação da cooperativa de reciclagem em Piedade é uma iniciativa fundamental para a sustentabilidade do município, além de fortalecer a economia local e apoiar os catadores. A parceria com o governo federal e outras entidades seria essencial para garantir o sucesso desse projeto, que visa não apenas regularizar a atuação dos catadores, mas também criar oportunidades para que eles recebam uma remuneração justa, como um salário mínimo, o que valorizaria o trabalho essencial que realizam na preservação do meio ambiente.
A criação de um consórcio intermunicipal também é uma solução inteligente e viável para o gerenciamento de resíduos, especialmente considerando o alto custo de construir e manter uma usina de tratamento de resíduos por conta própria. Unir forças com cidades vizinhas, como Votorantim, Sorocaba, Pilar e Tapiraí, permitiria a construção de uma usina que faria a separação dos recicláveis, trataria os resíduos orgânicos e até produziria gás natural, ajudando a minimizar o impacto ambiental e reduzindo a quantidade de lixo que vai para os aterros sanitários.
O plano de saneamento básico implementado anteriormente em Piedade foi um grande sucesso, tornando-se referência no estado de São Paulo. Essa experiência mostra que o município tem potencial para ser um modelo em sustentabilidade. No entanto, é fundamental retomar projetos que foram abandonados pelas gestões subsequentes, garantindo que a questão dos resíduos seja tratada com seriedade e eficiência.
A coleta seletiva em áreas mais afastadas, como na divisa entre Ibiúna e Piedade, é outro desafio que precisa ser enfrentado. A conscientização das populações dessas áreas é essencial, mas também é necessário que a infraestrutura de coleta alcance todos os bairros, garantindo que resíduos não sejam descartados de maneira inadequada, como a queima ou o despejo em rios.
A ampliação da coleta seletiva e comum, junto com a ativação do consórcio intermunicipal, pode resolver muitos dos problemas de gestão de resíduos no município. Com essas medidas, Piedade não só protegerá o meio ambiente, mas também melhorará a qualidade de vida de seus moradores e consolidará sua posição como referência em sustentabilidade no estado.
Piedade tem na agricultura o desenvolvimento econômico no agronegócio com comércio exterior. O que você pensa a respeito?
A ampliação das parcerias para fortalecer o agronegócio em Piedade, especialmente com foco na agricultura familiar e no pequeno e médio produtor, é um passo estratégico para o desenvolvimento sustentável do município. A ideia de buscar apoio e trabalhar em colaboração com o governo federal e deputados estaduais, como Paulo, demonstra um compromisso com a diversificação dos negócios, sempre com atenção à questão ambiental.
O agronegócio traz divisas para o Brasil, mas é essencial que esse setor continue se conscientizando sobre a importância da preservação ambiental. A criação de parcerias e incentivos que promovam práticas agrícolas sustentáveis, como o uso de tecnologia avançada – por exemplo, drones para monitoramento de irrigação e previsão climática –, pode fazer de Piedade um modelo de eficiência e sustentabilidade no campo.
A formação técnica dos jovens de Piedade é um ponto crucial. Incentivar os jovens a seguirem carreira na agricultura com base tanto no conhecimento prático quanto teórico pode garantir a continuidade do setor e o crescimento sustentável da economia local.
Além disso, o plano emergencial climático é uma necessidade urgente. Preparar o município para enfrentar eventos extremos, como períodos de seca ou chuvas intensas, é crucial para a resiliência da agricultura. Ter uma infraestrutura e estratégias em vigor para lidar com as mudanças climáticas pode garantir a sobrevivência das colheitas e a continuidade do setor, sem grandes prejuízos para os produtores.
Com base em sua experiência na gestão pública municipal, em sua opinião, qual ação tomada faria diferente ou não repetiria?
Se pudesse fazer algo diferente, hoje eu seria ainda mais cuidadoso ao delegar cargos de confiança. No passado, confiei em pessoas que, infelizmente, não tinham a qualificação ou a visão necessária para determinadas funções. Isso me trouxe alguns problemas, e eu aprendi a lição. Agora, com mais experiência e maturidade, sei que é essencial ter uma equipe que compartilhe os mesmos valores, que saiba cuidar de gente, ouvir e tomar decisões com responsabilidade. No fim das contas, eu acredito que governar é, acima de tudo, ouvir.
Qual legado sua gestão deixou para Piedade?
Meu maior legado, sem dúvida, foi na área da educação. Eu acredito que um município educado tem a capacidade de desenvolver tecnologias e avançar em várias frentes. Durante o meu governo, investi bastante na educação infantil, mas também busquei parcerias com o estado e o governo federal para expandir o alcance desse trabalho. Acredito que quando se investe em educação, estamos construindo um futuro melhor para todos.
Outro ponto marcante da minha gestão foi a forma como trabalhamos com o orçamento. Sempre priorizei a transparência, a ética e a participação popular. Desde o agricultor mais simples até o engenheiro, todos têm um papel importante na construção de uma cidade melhor. Um dos aspectos que mais me orgulha é a maneira como conseguimos mostrar à sociedade quais eram os recursos disponíveis e, com isso, realizar obras e serviços que realmente atendiam às prioridades da população. Daí surgiram conquistas como a construção de creches rurais e unidades de saúde.
Mas não adianta governar apenas pensando no curto prazo. Governar é planejar para o futuro. Eu sempre pensei além dos quatro anos de mandato, projetando um município mais desenvolvido para daqui a trinta anos. Claro, os desafios na saúde, por exemplo, são enormes, mas eu acredito que, com organização e um bom planejamento, podemos oferecer condições dignas e qualidade de vida para nossa população.